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22 de ago. de 2009

llubia negra

quanto cabe em um negrume de chuva?

[...]
lembra?
[pressinto o mover indeciso de uma boca iminente colando-se ao ecrã de cristal líquido]
esse sol reluziria tão alto e algo que sem dúvida ou quê que fizesse desconfiar lhe escrutinaria a retina cansada unindo nossas ilhas de edições de luxo
[aura se soft é outro modo de exclamar ura se not e ora se não]
meu luxo eldorado,
te contei ajuntando assim: de uma por uma e mais outra
cadinho e cádmio com cânhamo
não mais um fio de nylon em que elas contas – ou você, um conto – formasse um colar, um condão azul indingo
não: cada ponto que formava teu rosto eu deixei esparso, mixturação dentro de um não-se-sabe-ao-certo se tijela, cabaça ou copo de cachaça... não lembramos. sei que cabiam na mão, aliás, elas estavam, você, tudo solto – mas sem esparramar. era incrível luxo! não caía nem se escapava qual o vendaval revolto de sempre
- a estrada...
você ficava quieto, num instante, uma paisagem que movia só a orbe escusa de dentro das pálpebras cerradas que de tanto trânsito emerge em deformação > você ora farejava saber se a vida acontecia ao redor ora (!) você sorria e dançava com os dedos enlaçados aos dela
.en-transe.

[...]

qual o espaço para a abertura de uma carta de amor no tempo do desgarro? não se sabe pior um papel de dobradilhas e redondilhas lleno de circunvoluções viajeras desnudado de um envelope objeto voador mal e porcamente identificado na trincheiras,
um rolo bemdizê pergaminho escorregando-se com afeição sobre um loooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooooongo
tapete vermelho – que eu preciso e prefiro dizer r o j o -,
se um bilhete suado entre fartos seios amarrados e imiscuídos para ser entregue às escusas quando da hora da ciesta,
ou se isto: contra os minutos atabalhoados do relógio de areia dentro dele,
ecrã
a areia a estrada a carta o amor a b e r t o fomentando dedos o crédito o débito os reais as monedas que tilintam o peito sorrindo sem importar se grande é a distância do estrangeiro umapresençapramaisperto um adendo outro ardendo e uma pena flutuando depois de despregar-se do frangalho ataúde e amiúde

[...]


você se esgoela
e tenta prender o movimento num flash com o fundo em preto quem branco na parede esta grafia convulsa que mais verte um amontoado de contextos metidos em pretextos infalíveis e imbatíveis – você bem vê por los anteojos que cinema se faz de vestígios de memórias nos pés por aí pedalando afoitos até que pisem por descuido um dedo de boa e velha prosa começando por um ai! e terminando a perder de vista o incêndio de um telhado em revoada deixando a descoberto paredes e calhas e rebocos contando pelancas feridas em flor de coagulações que vestem lilás porque purple beibe,
purple rains

[...]

de pois em pois, foi deter-se aí para que tudo semoventes de si
astros cadentes e carentes de espetáculo em plena trajetória dois andares e andaimes de vinhetas venetas varetas veredas com linhas brancas e marcadores amarelos no negrume de um chão batido a cimento e caligrafia porosa que, nu instante de um qualquer anúncio à visão, lá está:
o pacote aberto o caderno deserto o cristalino desperto
fixo uma clave e denota uma gota: cruzada de bala no vidro trás vis a vis uma fumaça em suspeição – fogo não há mas um opaco de cinzas contidas no olor que espremece em reações o rosto rugoso
faróis acinzentados detectam o humo sob um estranho que vinha embotinado em desalinho pelo estrado retilíneo dos trilhos e digo mais


Flávia Memória

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