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23 de nov. de 2016

outra vez

[a partir de uma outra pergunta-convite]


foi no café se bem me lembro
não
inexata ontem
a mão na alça da xícara
de chá
o tropeço colossal
era para sair do tédio que dança
mos em descompasso
tanto dispêndio as palavras outra vez soltas
alguém ainda tenta encontrar o fio da meada
e consome
taquicardia contínua
você me dizia da resignação maior
conformado, morrer um pouco todo dia
baixar o olhar, os braços pensos
acompanhavam quase rígidos o movimento do corpo
caminhamos ao lado
não

talvez seja isso:
sobre os modos da continuação
a previsão permanente é
sucumbir
o apagão
na iminência
uma questão de tempo
uma questão de pulso
dia e noite
há escapatória?

do esgotamento
ela grita que não entende o que isso quer dizer
amor
não
sinto que devo, muito
masoquista
a carne em frangalhos
chorou e insistiu em sua narrativa
outra vez
mas não sabe como é ser profissional

o que dura mesmo são os fungos na beirada da panela
não
a fórmula alquímica
a carta ridícula
despojos preciosos na intempérie
nossa casa
não
meu alívio é ter uma pergunta para responder
e a possibilidade de calar
o que te cura da dor?

se chegarmos ao ápice, haverá outra versão
possível talvez
desejo
não
paramos por aqui


eh

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