Páginas

21 de jan. de 2010

a expansão das coisas infinitas


CORRESPONDÊNCIAS

A natureza é um templo vivo em que os pilares
Deixam filtrar não raro insólitos enredos;
O homem o cruza em meio a um bosque de segredos
Que ali o espreitam com seus olhos familiares.

Como ecos longos que à distância se matizam
Numa vertiginosa e lúgubre unidade,
Tão vasta quanto a noite e quanto a claridade,
Os sons, as cores e os perfumes se harmonizam.

Há aromas frescos como a carne dos infantes,
Doces como o oboé, verdes como a campina,
E outros, já dissolutos, ricos e triunfantes,

Com a fluidez daquilo que jamais termina,
Como o almíscar, o incenso e as resinas do Oriente,
Que a glória exaltam dos sentidos e da mente.

Charles Baudelaire
(Trad.: Ivan Junqueira)

2 comentários:

  1. Sinto o reflexo por trás destes pinus. Até dificulta minha leitura.

    ResponderExcluir
  2. Achei este poema refinadíssimo. Parece um alimento raro e suave a entrar suavemente em nossa boca.

    ResponderExcluir