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18 de jan. de 2010

monte muito amplo e alto


As núpcias da Essência e da existência. Vir a ser é assim. Oração para chamar o minotauro, silogismo para pegar no sono. Que tal a fala, que tal você falando? Dizendo o que não sei, ouvindo o que estou cansado de saber? Quer ser eu? Para quê? O que é que vai fazer comigo? Ficar assim? Comunico. Vou embora. Tudo vai embora comigo. Tudo vai ficar sozinho. Mudar de rumo no meio. Alteração permitida. De novo, o espelho. A lei da atração dos espelhos me fixa aqui. Regra dos sólidos. Não me procurem em Euclides. Um giro. Quero mudar. É uma abstração. Pensar. Perguntar interrompe. Trago tudo comigo. Um imperador morre de pé. Tudo é uma questão só. Fiquei sem graça quando acordei dentro de um susto, o sonho foi-se. Só faço as coisas que me deixam fazer. Por exemplo, eu fico. Eu não estou mais adiante. Não adianta. Eu não passei por trás. Não me atraso. Tudo tem muito que crescer ainda. Faz de conta que eu não conto. Dobre a língua, deixe ler. O que você está fazendo aí parado, sei fazer melhor que você. Tenho o condão mesmo quando não há nada para dizer. Melhor. Escreveremos à sombra sobre sombras, sonhando. Lanço uma hipótese, uma pergunta eclipsada por uma resposta. Crio contextos. Faço parte do que eu faço. Desenvolvo uma lógica. O ritmo é a lógica, quando esta se extingue, ponho um ponto final. É a música da carência. Ouvimos em direção ao nada. Perder-se no nada. Abri a porta: nada. Nada dizia nada. O nada no ar. O nada no som. A cidade não era nada. Eu não era nada. Mas eus voltei do nada. Nada tenho a declarar. O nada é o maior espetáculo da terra. Quase ouvir é melhor que ouvir. Faço uma proposta, frase feita por via de uma dúvida: alguém pensou aqui, e não fui eu. O mundo não quer que eu me distraia; distraído, estou salvo. Essa necessidade não é só física; é a necessidade da verdade, a carência de informações, a pobreza dos dados. Não é agradável ser olhado por nós, sai da geografia por meio da história. Faz física e a nega quando filosofia. Aprende errando.


[...]


Arrevensando-se na queda, a pedra heracléia atrai a estátua, estabelecendo afinidades infinitamente próximas do zero da sua igualdade, olha a democracia imperante nessa equação, a atração da gravidade chegou atrasada à extrema gravidez da situação, por vir praticando os círculos reflexivos em todo o largo do percurso vivo. Saiu daí, não me serve, caindo nos incorrigíveis esquemas das danças lacônicas. Afrontispígio, aprontife-se! A cena ininterrupta susta-se, o ventrólogo pelo ventrículo, a canícula pelo cubículo, o estímulo pelo patíbulo, satrelistem-se!





Paulo Leminski


no Catatau

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