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29 de mai. de 2018

ziguezague

[a partir da pergunta-convite da Ju Ben]

ela falou que certos enganos são necessários. não tive forças para discordar, dizer qualquer coisa seria comprovar o indispensável do equívoco. fui embora quase imediatamente, andei por muitas ruas, o olhar perdido e confuso, não sabia bem como levar a coisa estranha, o engano, a ingenuidade. me apaixonei de novo aos 75 anos, afirma Isabel Allende no jornal. um amigo avisa que respondeu minhas perguntas por e-mail, mas não todas. rio, gargalho, a vida já não me permite a ilusão das respostas. ele escreve que ainda é medo pra isso. medo não, * cedo. o corretor interfere. como sabe? um animal atravessa meu caminho correndo em ziguezague e quem o atropela sou eu. carregamos o acidente no corpo e sinto vergonha. sou violenta e agressiva como o vento forte demais daquela noite, as telhas no chão espatifadas. o pior é que todo mundo vê a casa descoberta mas só quem mora sente a água chovendo dentro, meses depois. e nem é de todo mal, o frio arrepia e lembra que a vida pulsa forte e incontrolável enquanto exige cuidado e proteção. gostei tanto de chegar sozinha no exato instante em que a lua vermelha despontava acima da linha do mar, de ter enfrentado o frio, a dor e certa dose de precaução para assistir suas mudanças de cor durante a subida que, hipnotizada, ainda tento adivinhar os desenhos que marcam a outra face.

eh

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