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29 de jul. de 2020

sonhos docentes



Outro dia sonhei que estava dando aula. Alguém veio de fora e me chamou na porta pra resolver alguma coisa urgente, eu deixei a sala de aula e entrei numa saga infinita de coisas que não davam certo. Eu fiquei muito ansiosa pensando que precisava voltar, que não podia deixar os alunos sem uma palavra, uma orientação, uma explicação antes que a aula se encerrasse.

Quando acordei entendi que esse é o sonho dessa quarentena, a sensação de fracasso por não conseguir cumprir um acordo estabelecido lá no começo, o medo de não manter o compromisso.

Essa noite sonhei que estava dando aula, comecei a fazer a chamada e não conseguia avançar porque as estudantes me interrompiam o tempo todo, com suas conversas, piadas, perguntas, risadas. Acordada, pensei que esse sonho fala daquilo que eu tenho saudade. Compartilhar não apenas as ideias, os textos, as tarefas, o “conteúdo”, mas as risadas, as piadas, aquela inquietação e dificuldade de permanecer quieta, sentada, aquele olhar de cumplicidade ou de incômodo, o sono... afinal essas são manifestações da vida, e não existe conhecimento sem vida. A gente faz educação juntes, a partir do encontro, dos atritos, da convivência... é assim que a vida se faz em nós também.

Tem sido um desafio e tanto fazer educação não presencial, o paradigma é outro e a convivência quase não existe... embora estejamos compartilhando muitas das dificuldades e das dores dessa condição. Há pequenas alegrias também, como eu imagino que pra alguns possa ser o conforto de “ter aula” na cama, de pijama... um pesadelo recorrente agora tão real.

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