Páginas

13 de set. de 2009

elos

O vento e eu somos ligados pela vida porque nós nos amamos nós nos amamos por que nós nos amávamos por que passamos noites inteiras juntos falando sobre o Dique do mar, no hotel Belle-Vue, em Petite-Synthe, nos nossos quartinhos, na redoma dos nossos carros, nos acostamentos e nas pequenas estradas de Creuse e de Ardèche, nos oferecendo presentes, nos oferecendo sentimentos e coragem, preparando a guerra, porque nós éramos dois combatentes noturnos, sua dureza, minha loucura, minha dureza, sua precisão, porque nós estávamos sozinhos no mundo nas ruas frias de Dunkerque, porque nós não podíamos nos separar, que andávamos milhares de quilômetros para nos encontrar, para se rever, para se ver uma noite, porque nós não podíamos falar a não ser nos falar, porque nós não podíamos amar a não ser nos amar, porque nós escrevíamos, porque trocávamos nossas queixas, nossas perdições, nossas crenças, nossas fés, nossas tripas, nossos endereços, nossos discursos, nossos ensaios, nossos rascunhos, nossos sangues, nossas cobertas e nossos poemas.


C. Tarkos
(em tradução de Heitor Ferraz)

Nenhum comentário:

Postar um comentário